sábado, junho 09, 2012

Depoimento de Robson e Aline sobre a distribuição de sopa


Relatório de Robson e Aline sobre assistência comunitária a moradores de rua (Sopão).

Estar diante de uma situação diferente de nossa realidade no dia a dia é algo que nos faz pensar: qual é a linha tênue que nos divide e por muitas vezes nos aparta de nossos semelhantes? Até que ponto nós aceitamos ou nos induziram a aceitar como normal os gestos mudos, do outro lado do vidro de nosso carro, de pessoas que muitas vezes só querem ser amadas, ganharem um abraço ou um sorriso que lhes ajudem a pensarem que há esperança?


O Projeto Semeando no Vale é e tem sido uma oportunidade maravilhosa para, além de ajudarmos nossos semelhantes com assistência social e com a mensagem acerca do Reino de Deus, exercitarmos com afinco a mensagem mais pura e simples do evangelho de nossos Senhor: <b>o amor</b>. O dia que eu e Aline nos envolvemos com este trabalho maravilhoso, não foi apenas mais uma atividade para engajarmos em nosso cotidiano, mas sim uma oportunidade para conhecermos sobre a realidade dos menos favorecidos e mais sobre nós mesmos. O que podemos fazer para sermos luz em meio a uma geração corrompida pela falta de amor? A resposta é bem simples: precisamos falar aos que precisam ouvir, precisamos ir aos que não nos esperam, porque sabemos que se semeamos a Palavra de Deus, ela jamais voltará vazia. O que posso afirmar por mim e por minha noiva sobre o que temos feito é: se pregamos o evangelho e ajudamos ao nosso próximo, além de sermos abençoados, estamos fomentando a união entre as pessoas, que é algo muito além de posições sociais ou status. Sabemos que não mudaremos o mundo por completo, mas é nada mais recompensador do que podermos compartilhar e exercitar humildemente as tantas coisas boas que temos aprendido sobre o amor.


É importante também ressaltar algumas situações que eu e Aline experimentamos nas duas vezes que participamos deste trabalho. Na primeira vez, próximo à rodoviária, conversamos com um homem chamado Wesley, cuja a vida foi arruinada pelas drogas. É um homem bom, que perdeu a família, a empresa, pois era um mestre de obras que empregava mais 15 pessoas, e também todas as perspectivas de vida. Foi triste ouvir que, por escolhas erradas, este homem acabou por experimentar a dura realidade das ruas e principalmente da indiferença das pessoas comuns. Falamos do amor de Cristo para ele e sobre a importância de ele nunca perder a fé e a esperança de que Deus poderia transformá-lo. Ele se comoveu com aquilo e nesse momento orei por ele e após a oração falei com ele que perante Deus todos somos iguais. Ele então me disse: Por favor, me tire das ruas Robson. Eu sou boa pessoa, mas sofro tanta injustiça que estou começando a querer praticar a maldade também, mas eu quero mudar de vida. Me ajude! Me tire daqui. Infelizmente, não pudemos fazer nada de muito efetivo para tirar aquele homem das ruas, mas forneci a ele todos os dados e telefones para que nos procurasse para o internarmos no Credec. Talvez este seja um ponto que desenvolveremos mais neste trabalho à medida que crescermos. Pois estas pessoas precisam mesmo de um acompanhamento por viverem cercadas por drogas e pelo crime.


Outra experiência marcante que vivemos, esta na segunda vez que contribuímos, foi a de um homem chamado Afonso. Ele dizia ter vindo de Uberlândia tentar a sorte em BH, porém como nada encontrou acabou nas ruas. Eu e Aline falamos do amor de Deus pra ele, perguntamos sobre sua família e nos sensibilizamos por ver a situação daquele homem e decidimos ajudá-lo a voltar pra sua família, comprando uma passagem pra ele. Porém, infelizmente, ele não foi totalmente sincero conosco e descobrimos que ele é daqui mesmo e na verdade dorme nas ruas por opção própria, pois tem até lugar pra morar. Não sabemos o motivo pelo qual ele quis ir para Uberlândia, mas o que sabemos sobre isso, através de um sobrinho dele que outrora conversou conosco, é que ele dizia que lá ele não sente a indiferença das pessoas como aqui. Isto também foi um aprendizado para nós pois, em campo, lidaremos muito com este tipo de situação. Decidimos não julgar ou sermos indiferentes, mas em todo tempo agirmos com amor e levar a palavra a quem precisa, independente se do outro lado a pessoa esteja nos ludibriando. Somente o nosso mover como filhos de Deus pode fazer a diferença e precisamos fazer nossa luz brilhar com tanta intensidade que até nós mesmos fiquemos surpresos.


Antes de concluir, queremos ressaltar que o empenho de pessoas que contribuem junto ao Pr. Daniel e Wanderleia, como o Sr. Newton, Manuel, Jocelma, dentre outros, que foram um grande exemplo para nós também, pois vimos que quem fez por amor fez realmente a diferença.


Para encerrar gostariamos de citar um trecho do discurso de Nelson Mandela sobre o fim do Apparteid e que sirva de aprendizado para que possamos querer cada vez mais fazer a diferença: "Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.


Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?". Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? ...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".

Robson e Aline

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